Reconstrução nasal é a cirurgia ou conjunto de cirurgias realizadas para corrigir uma deformidade ou lesão nasal que ocorre após trauma, tumores de pele, defeitos ao nascimento, doenças imunes ou quando tentativas prévias de correção do nariz falharam.
Entender a estrutura do nariz é fundamental para entender a reconstrução.
Anatomicamente, o nariz é composto por três camadas: um forro interno, uma camada intermediária de suporte composta por ossos e cartilagens e uma camada externa de pele que se assemelha à face em cor e textura.
Esteticamente falando, cirurgiões plásticos referem-se ao nariz em termos de unidades e subunidades. Cada uma dessas unidades deve ser pensada individualmente no momento de planejar a reconstrução.
O nariz é dividido em dorso, ponta, columela (estrutura que divide as duas narinas), asas nasais (região acima de cada narina) e paredes laterais.
Os defeitos no nariz podem variar em tamanho, localização, formato e profundidade. Também podem acometer mais de uma das camadas nasais. Entretanto, o normal não muda. O lado contralateral, isto é, o lado não afetado do nariz, considerado o ideal, pode e deve ser usado como guia nas cirurgias de reparação.
Durante a consulta médica e exame físico a deformidade nasal é avaliada. De acordo com a extensão, localização e profundidade um planejamento de tratamento é desenhado. Muitas vezes, relatos cirúrgicos prévios, fotografias antigas e exames de imagem como tomografia computadorizada podem ser necessários.
Existem diversas formas de reconstruir o nariz. Em alguns casos, opções mais simples e rápidas são suficientes para um bom resultado. Porém, muitas vezes, o simples e rápido não é capaz de restabelecer a forma e função adequadas do nariz. Nessas situações, procedimentos mais trabalhosos e demorados são necessários para que o melhor resultado possa ser alcançado.
Sutura simples: Devido a quantidade limitada de pele excedente no nariz, habitualmente, apenas pequenos defeitos na parte superior do nariz podem ser suturados e fechados diretamente sem causar distorção no nariz.
Enxertos de pele: Enxertos de pele são pedaços de pele retirados de outras regiões e posicionados no local onde se removeu uma lesão. Geralmente utilizados para defeitos pequenos e superficiais. Infelizmente, a coloração e textura dos enxertos cutâneos são imprevisíveis e o enxerto pode parecer mais claro ou mais escuro ou até desnivelado em relação à pele normal adjacente. Podem ser muito efetivos, mas nem sempre restabelecem uma aparência verdadeiramente normal.
Retalhos locais: Existe apenas uma pequena quantidade de pele extra no nariz. Se o defeito for pequeno, o excesso pode ser redistribuído e compartilhado para cobrir outra região. Apesar de cicatrizes mais extensas, os retalhos costumam ter uma excelente combinação em relação à cor e textura, ao contrário dos enxertos cutâneos.
Entretanto, os retalhos locais não acrescentam pele ao nariz. Por esse motivo, retalhos locais devem ser utilizados com cuidado para evitar distorção da ponta e asas nasais devido à tensão excessiva na sutura, o que pode “puxar” essas regiões para uma posição anormal.
Retalhos regionais: Deslocam tecido em excesso a partir de áreas adjacentes ao nariz – sulco nasolabial (dobras de pele, uma de cada lado do rosto, que correm desde a lateral do nariz até os cantos da boca) ou da região frontal (testa). A escolha da melhor área doadora de tecido é individual e depende da posição, tamanho, formato e profundidade da ferida. Apesar de mais complexos, muitas vezes são as únicas opções capazes de fornecer um resultado confiável e satisfatório.
Retalho frontal: Sabe-se que a pele da região frontal tem sido utilizada há séculos para o reparo de defeitos do nariz. Primeiros relatos da utilização desse retalho datam de 600 A.C. É a melhor área doadora para a reconstrução nasal; sua textura e coloração são as ideais. A cicatriz final na testa costuma ficar com bom aspecto e só melhora com o tempo.
O retalho frontal é utilizado quando o defeito nasal é profundo, extenso ou necessita de reparo de outras camadas além da pele.
Pode envolver duas ou três cirurgias dependendo da complexidade do reparo necessário.
Na primeira cirurgia, um segmento de pele se estendendo da sobrancelha à linha do cabelo é elevado e posicionado na região a ser corrigida. Um segmento de pele, como uma ponte (chamado de pedículo), é mantido e é responsável por manter a nutrição do retalho, já que contém uma artéria no seu interior que irriga esse segmento de pele transposto.
Na dependência da complexidade do defeito a ser reparado, no segundo tempo cirúrgico, o retalho transposto recebe enxertos de cartilagem para suporte e é remodelado, com o objetivo de atingir o formato nasal desejado. O pedículo ainda é mantido nessa fase.
A última cirurgia sempre envolve a ressecção do pedículo, já que o retalho estaria integrado à área receptora no nariz, e a artéria responsável pela sua irrigação e manutenção de sua viabilidade já não se faz mais necessária. O intervalo entre os procedimentos é de 3-4 semanas.
Reparos mais complexos ainda podem precisar de pequenos procedimentos adicionais de revisão para melhora na aparência de cicatrizes, função ou contorno nasal.
Dra Mayra possui extensa experiência nesses reparos nasais complexos, tendo apresentado seus resultados em congressos e publicado artigos científicos a respeito dessa técnica.
A consulta médica é o momento ideal para avaliar o defeito e escolher a melhor estratégia de tratamento. Nesse momento faz-se o planejamento cirúrgico e o paciente deve tirar todas as suas dúvidas sobre o procedimento proposto.
Apesar de todos os cuidados, ainda assim podem ocorrer intercorrências. As principais complicações da cirurgia de reconstrução nasal são sangramento, alterações de cicatrização e perda parcial do retalho. Dificilmente qualquer dessas intercorrências altera o resultado, mas qualquer uma delas pode alterar o planejamento inicial e tornar necessários procedimentos adicionais. O resultado final pode levar meses para ser alcançado e depende da melhora do edema.
Muitos pacientes vivem uma vida reclusa por vergonha de se exporem socialmente com uma deformidade em local tão aparente. Apesar de muitas vezes ser um tratamento longo, o restabelecimento da função e forma de uma estrutura tão central na face é importante na preservação da autoestima e no retorno das atividades habituais de muitas pessoas.
Fonte: www.plasticsurgery.org
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